segunda-feira, 22 de agosto de 2011

FILME: Homens e Deuses / Des Hommes et Des Dieux













Um longa francês inspirado em fatos reais ocorridos na Argélia em 1996, onde 09 monges franceses vivem em um mosteiro trapista localizado no alto de uma montanha, vivem em paz e harmonia com a população muçulmana do pequeno vilarejo pobre e carente que cresceu ao redor do mosteiro e com a natureza, plantam hortas, criam ovelhas, colhem mel para vender na feira livre, atendem aos doentes, doam remédios, assistem aos necessitados, enfim, tem como missão ajudar e amparar a comunidade. Sentem-se bem e felizes com essa missão tão gratificante.
Mas, há uma guerra civil instalada no país, os radicais agem brutalmente assassinando grupos de operários croatas, o exército oferece proteção mas os monges, liderado por Christian (Lambert Wilson) recusa a ajuda armada do Governo Argelino e propõe aos outros continuarem agindo de forma independente, sem se ausentarem do país. Impedem a entrada de homens armados no mosteiro, instalando uma tensão permanente nas sequências das cenas.
A partir desses momentos vai criando e crescendo um impasse entre os monges, ocorrendo as posições individuais e divergentes entre o ficar e o partir, entre atender as carências da população ou se livrar dela.
Esses momentos são tocantes, a doutrina não prevê martírio ou dilema de ordem espiritual muito menos política, o objetivo único é assistir e atender as mazelas da população pobre e carente, então, depois de reuniões e orações eles decidem, por votação, continuar na região, o que provoca um desconforto e aumenta a tensão, desde quando eles tornam suspeitos diante dos conflitos instalados.
Outro aspecto interessante é que a partir do momento que surgem as ameaças terroristas, começam a mostrar o lado humano/homem dos monges, as suas individualidades, opiniões, divergências, eles tornam-se humanos, vemos então, não como deuses mas como simples mortais, os valores e a fé, efetivamente.
O espectador embarca e se perde nessa trajetória de tempo, de vida simples e de dedicação, nas orações, nos cânticos entoados na capela, nos trabalhos agrícolas imergindo numa atmosfera de silêncio, contemplação e concentração.
O desfecho é previsível. Até hoje há controvérsias.
A direção é de Xavier Beauvois.  França/2010.   Muito bom.  Vale a pena.


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