Um longa francês inspirado em fatos reais ocorridos na Argélia em 1996, onde 09 monges franceses vivem em um mosteiro trapista localizado no alto de uma montanha, vivem em paz e harmonia com a população muçulmana do pequeno vilarejo pobre e carente que cresceu ao redor do mosteiro e com a natureza, plantam hortas, criam ovelhas, colhem mel para vender na feira livre, atendem aos doentes, doam remédios, assistem aos necessitados, enfim, tem como missão ajudar e amparar a comunidade. Sentem-se bem e felizes com essa missão tão gratificante.
Mas, há uma guerra civil instalada no país, os radicais agem brutalmente assassinando grupos de operários croatas, o exército oferece proteção mas os monges, liderado por Christian (Lambert Wilson) recusa a ajuda armada do Governo Argelino e propõe aos outros continuarem agindo de forma independente, sem se ausentarem do país. Impedem a entrada de homens armados no mosteiro, instalando uma tensão permanente nas sequências das cenas.
A partir desses momentos vai criando e crescendo um impasse entre os monges, ocorrendo as posições individuais e divergentes entre o ficar e o partir, entre atender as carências da população ou se livrar dela.
Esses momentos são tocantes, a doutrina não prevê martírio ou dilema de ordem espiritual muito menos política, o objetivo único é assistir e atender as mazelas da população pobre e carente, então, depois de reuniões e orações eles decidem, por votação, continuar na região, o que provoca um desconforto e aumenta a tensão, desde quando eles tornam suspeitos diante dos conflitos instalados.
Outro aspecto interessante é que a partir do momento que surgem as ameaças terroristas, começam a mostrar o lado humano/homem dos monges, as suas individualidades, opiniões, divergências, eles tornam-se humanos, vemos então, não como deuses mas como simples mortais, os valores e a fé, efetivamente.
O espectador embarca e se perde nessa trajetória de tempo, de vida simples e de dedicação, nas orações, nos cânticos entoados na capela, nos trabalhos agrícolas imergindo numa atmosfera de silêncio, contemplação e concentração.
O desfecho é previsível. Até hoje há controvérsias.
A direção é de Xavier Beauvois. França/2010. Muito bom. Vale a pena.
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