Baseado em fatos reais, o filme evoca o passado e aborda a situação política tensa entre o Irã e EUA entre 1979 /1981 e retrata o resgate de seis diplomatas norte americanos refugiados na casa do embaixador do Canadá no Irã.
Precisamente ocorreu no ano de 1979, quando os EUA visando interesses econômicos ajudou o xá Mohammad Reza Pahlavi a governar o Irã até a sua deposição, passando o poder para o aiatolá Khomeini.
O asilo político oferecido a Reza Pahlavi enfureceu a população iraniana que queria julgá-lo pelos crimes cometidos e, após a negativa do pedido de extradição, as ruas de Teerã foram tomadas por protestos que culminou com a invasão da embaixada dos EUA.
Historicamente a chamada "crise dos reféns" foi no período de 1979/1981 em que os seguidores de Khomeini mantiveram presos por 444 dias os 52 norte americanos em represália ao asilo do antigo xá em território americano.
É exatamente esse recorte que o filme se detém, o que aconteceu com os seis diplomatas que conseguiram escapar à invasão.
Eles buscaram proteção e abrigo na casa do embaixador do Canadá até que pudessem se retirados com segurança, mas politicamente não havia condições de iniciar um confronto, apelou-se para uma engenhosa e complexa operação para retirá-los do cativeiro.
É nesse ponto que entra o agente da CIA Tony Mendez encarnado com habilidade e competência por Ben Affleck, cuja missão é elaborar um plano para retirar os diplomatas. Então, conversando com o filho, Tony tem a ideia de criar um filme de mentira com locações no Irã.
A partir daí, entra em ação um esquema para montagem do filme como fachada para a operação que contará com os serviços do maquiador John Chambers (John Goodman) e do diretor de cinema Lester Siegel (Alan Arkin) para juntos criarem uma ficção científica chamada de "Argo" (título do filme), cuja história teria filmagens nas paisagens exóticas do Irã, possibilitando assim a entrada de Tony no país.
O governo americano aprova o plano e o filme é anunciado, os atores são contratados, a imprensa é convocada, a publicidade é feita, entre outras ações.
Tudo isso para provar ao Ministério da Cultura do Irã que precisa entrar no país com a equipe para realizar as filmagens.
Vale lembrar que o roteiro foi extraído dos arquivos secretos, sendo revelados a público durante o governo de Bill Clinton em meados de 2000.
Destaques para a atuação de Ben Affleck, cujo personagem comedido e de senso moral valoriza a narrativa e para a trilha sonora assinada por Alexandre Desplat que mergulha diretamente nos anos 1970.
O espectador se rende a uma trama de suspense séria e competente, com conteúdos políticos, falas inteligentes, um roteiro bem elaborado e fiel à reconstituição da época. Muito bom. Vale a pena conferir.
O orçamento foi de US$ 44,5 milhões. A direção e o roteiro são de Ben Affleck. EUA / 2012.
