terça-feira, 14 de julho de 2015

O Funeral


Foto / Imagem: Google

Manhã de inverno. Chuva. Intenso vazio. Depois do telefonema, tudo mudou. O mundo caiu. Ruiu, e aí? Que fazer? Por onde começar?

Primeiro, pensar. Ir ao hospital. Tomar as providências. Levar a roupa, vestir, chorar...

Segue a parte burocrática, emissão do relatório médico, liberação do corpo, guia para o sepultamento ...

Segue para o necrotério. Aguardar. Chega o carro da funerária, leva o corpo para arrumar.

Outra longa espera. Mais silêncio. Preciso tomar outras providências, já que o funeral será numa pequena cidade, há 400 km da capital.

Coloco os pertences numa sacola, as roupas já estavam previamente escolhidas. Faço uma rápida checagem para não esquecer nada. Que sufoco! Aguardar é preciso. Mais ansiedade. Mais choro.

Até que a funerária liga e informa que está tudo pronto para viajar. Acionei o motorista do carro que nos levará ao destino.

Depois de marcar o local para buscar os familiares, seguimos juntos para o funeral.

A viagem foi uma aventura. Deficiências do veículo a parte, deparei-me com a falta de espaço para acomodar os pertences.

Mais choro. Afinal, é preciso desabafar. Viagem longa, recheada de lanches rápidos, biscoitos, sanduíches, salgadinhos, bolos e sucos. O corpo precisa está forte. A alma precisa de consolo.

Lá pelas tantas, o carro dá sinal de que algo no freio não está funcionando bem. Arrepios! Que aconteceu? Estresse a vista! Mais ansiedade temperada com preocupação.

O problema foi resolvido parcialmente depois de um tempo. Ufa! Seguimos viagem. Estrada precária, cheia de buracos.

Finalmente chegamos pela noite. Estava emocional e fisicamente exausta. Fomos direto para o velório. Tudo organizado. Os familiares solidários. Mais choro.

O acolhimento foi um bálsamo. Estava esgotada. Tomei um banho e deitei. Os pensamentos fervilhavam. A saudade atravessava a escuridão.

Às 5h da manhã do dia seguinte, pulei da cama, literalmente. A cabeça doía muito. O corpo estava descansado. Tomei um café bem forte. Muito bom!

Atravessei a rua de paralelepípedo e fui para o local. Mais choro. Avistei o caixão. Que dor!

Por fim, levaram-no para ser enterrado. Fui imediatamente contaminada por uma profunda emoção.  Senti muito.

Quando finalmente tudo terminou, voltei ao transporte para retornar à minha cidade.

A saudade seguiu comigo, não quis me deixar. Afaguei-a. Consolei o meu eu. Chorei a minha dor, pessoal e intransferível. Recolhi meus sentimentos. Missão cumprida.


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