Foto / Imagem: Google |
Manhã de inverno. Chuva. Intenso vazio. Depois do telefonema, tudo mudou. O mundo caiu. Ruiu, e aí? Que fazer? Por onde começar?
Primeiro, pensar. Ir
ao hospital. Tomar as providências. Levar a roupa, vestir, chorar...
Segue a parte
burocrática, emissão do relatório médico, liberação do corpo, guia para o
sepultamento ...
Segue para o
necrotério. Aguardar. Chega o carro da funerária, leva o corpo para arrumar.
Outra longa espera.
Mais silêncio. Preciso tomar outras providências, já que o funeral será numa
pequena cidade, há 400 km da capital.
Coloco os pertences
numa sacola, as roupas já estavam previamente escolhidas. Faço uma rápida
checagem para não esquecer nada. Que sufoco! Aguardar é preciso. Mais ansiedade.
Mais choro.
Até que a funerária
liga e informa que está tudo pronto para viajar. Acionei o motorista do carro
que nos levará ao destino.
Depois de marcar o
local para buscar os familiares, seguimos juntos para o funeral.
A viagem foi uma
aventura. Deficiências do veículo a parte, deparei-me com a falta de espaço
para acomodar os pertences.
Mais choro. Afinal, é
preciso desabafar. Viagem longa, recheada de lanches rápidos, biscoitos, sanduíches,
salgadinhos, bolos e sucos. O corpo precisa está forte. A alma precisa de
consolo.
Lá pelas tantas, o
carro dá sinal de que algo no freio não está funcionando bem. Arrepios! Que aconteceu?
Estresse a vista! Mais ansiedade temperada com preocupação.
O problema foi
resolvido parcialmente depois de um tempo. Ufa! Seguimos viagem. Estrada
precária, cheia de buracos.
Finalmente chegamos
pela noite. Estava emocional e fisicamente exausta. Fomos direto para o
velório. Tudo organizado. Os familiares solidários. Mais choro.
O acolhimento foi um
bálsamo. Estava esgotada. Tomei um banho e deitei. Os pensamentos fervilhavam. A
saudade atravessava a escuridão.
Às 5h da manhã do dia
seguinte, pulei da cama, literalmente. A cabeça doía muito. O corpo estava
descansado. Tomei um café bem forte. Muito bom!
Atravessei a rua de
paralelepípedo e fui para o local. Mais choro. Avistei o caixão. Que dor!
Por fim, levaram-no
para ser enterrado. Fui imediatamente contaminada por uma profunda emoção. Senti muito.
Quando finalmente tudo
terminou, voltei ao transporte para retornar à minha cidade.
A saudade seguiu
comigo, não quis me deixar. Afaguei-a. Consolei o meu eu. Chorei a minha dor,
pessoal e intransferível. Recolhi meus sentimentos. Missão cumprida.
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