terça-feira, 20 de dezembro de 2011

FILME / MOVIE: Minhas Tardes com Margueritte / La Tête en Friche
















                                                              

É uma comédia francesa levemente dramática, envolvente, cativante e graciosa que desenrola em uma pequena cidade de interior e fala sobre a vida e a amizade de duas pessoas pitorescas, Germain Chazes encarnado por Gérard Depardieu e a Sra. Margueritte (Gisèle Casadesus) a partir do encontro casual dos dois numa praça.

Vamos conhecendo Germain, um cinquentão semi analfabeto e de poucos recursos intelectuais, solitário e que numa frase resume o seu perfil cultural … “nunca usei drogas, nem livros ...”. Dado a trabalhos braçais, mexe com hortas e trabalha com entalhe de madeira, transformando em lindas peças e objetos. Mora num trailer no terreno da casa de sua mãe (Claire Maurier) com quem tivera uma relação marcada pela indiferença e ofensas, apesar de tudo, ainda cuida dela.
Teve uma infância difícil, não aprendeu a ler direito devido aos maus tratos sofridos pelo professor que o ironizava diante de toda a classe.
Apesar do tipo rude, é uma pessoa simples, gentil, bondosa e atenciosa, possui grande sensibilidade e consegue cultivar amizades …
É o que percebemos ao conhecermos o bar e os seus amigos, pessoas simplórias e simpáticas que curtem a vida bebendo e jogando conversa fora.

A Sra. Margueritte é uma agradável nonagenária, também solitária. Ex cientista e muito culta, apaixonada por livros e dicionários, no momento mora em um asilo de idosos, sustentada por seu sobrinho. Está perdendo a visão, por isso vai depender cada vez mais da ajuda do seu mais novo amigo Germain, que a encantou pela maneira simples de ver a vida.

O encontro entre os dois aconteceu num banco de jardim, onde passam a ocupar as tardes contando, nomeando, alimentando os pombos e conversando sobre o cotidiano. Ele, bom ouvinte, escuta as leituras dos trechos dos livros e sem perceber, vai mudando aos poucos a sua vida.

A narrativa tem um roteiro belo e coeso, faz uso de flashbacks para revelar a relação conflituosa de Germain com a sua problemática mãe e as dificuldades encontradas por ele na escola, especialmente quando errava a lição e era repreendido de forma humilhante pelo professor.

O filme conquista a simpatia do espectador, visto que valoriza personagens simples e comuns em uma história tão singela e envolvente entre mundos bem distintos. As cenas são desenvolvidas com tanta ternura e delicadeza que a final da sessão fica o gostinho do “quero mais”. É encantador . Vale a pena conferir.

A direção é do parisiense Jean Becker. Adaptação do romance homônimo La Tête en Friche de Marie-Sabine Roger. França / 2010.

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