Foto: Leyla Alban / Salvador |
Quinta-feira. Encontro marcado. Barzinho no Rio vermelho, bairro boêmio e poético de Salvador, galera antenada, música MPB, clima aconchegante e propício para uma breve e agradável entrevista com o inspirador Jorge Salomão.
Figura curiosa, exótica, inteligente, criativa, provocadora, talentosa e espirituosa, ativista cultural, poeta, típico representante de uma época efervescente e criativa e autêntico protagonista do movimento Tropicalista.
Aproveitando sua rápida estadia pela cidade, nos encontramos e entramos em "clima" saudosista, percorremos caminhos através do tempo, discorremos sobre a vida ... seus trabalhos ... seus planos ...
1- Qual o motivo de sua passagem por Salvador e outras cidades?
J.S. - Coletar entrevistas sobre o livro que estou escrevendo sobre Waly - " 2 ou 3 outras coisas que sei dele, Waly,Waly". O livro são narrações de nossas experiências em Jequié, Salvador, Rio de Janeiro e pelo mundo. São relatos de nossas vivências e lutas, estratégias da vida e do mundo.
2- Qual a data prevista para lançamento do livro?
2- Qual a data prevista para lançamento do livro?
J.S. - Março/2013. Em maio fará 10 anos sem Waly, estão previstos outros eventos que marcarão a data.
3- Em que consiste o livro?
J.S - O livro só tem textos, apenas 1 foto, de leitura fácil e resumida, dispõe de ricos detalhes e é um relato poético sobre as circunstâncias de nossas vidas, o que me possibilita fazer agora algo tão afetuoso quanto esse.
4- Como era seu relacionamento com Waly?
J.S. - Éramos unidos e solidários, ideologicamente solidários. Passamos por situações difíceis, éramos diferentes, mas no fundo nos entendíamos bem. Ele era uma pessoa difícil e radical, irmão mais velho ... existiam diferenças. Esta é uma homenagem simples e direta. Encontramos caminhos distintos.
5- E os seus projetos pessoais?
J.S. - Claro, o livro sobre Waly é um deles. Outro é o espetáculo "Eu não sou um poeta, sou um malabarista! o espetáculo traz 50 poemas de minha autoria, fala sobre o papel da poesia em minha vida e o nome é um deboche sobre pessoas que acham que tem poesia, mas são acadêmicas, convencionais, cheias de coágulos culturais. No espetáculo canto e danço, conduzo de um jeito livre e criativo, alegre e belo.
6 - E sobre o memorável Movimento Tropicalista?
J.S. - Foi uma ruptura radical da cultura brasileira. Foi um coágulo, a ditadura tolhiu as liberdades individuais. O tropicalismo segurou a onda, revolucionou comportamentos e abriu espaço para o surgimento de novas e vibrantes estéticas para a época.
7- Fale sobre os seus trabalhos individuais ...
J.S. - Crio capas de disco, cenários de shows, como "Velô" de Caetano Veloso; "Fulgaz" de Marina; "Maior Abandonado" do Barão Vermelho.
No quesito música fiz várias parcerias, entre elas, Frejat, Marina Lima, Cássia Eller, Adriana Calcanhoto e muitas outras.
Trabalho com serigrafia, por exemplo no meu retorno a N.Y. fiz um trabalho chamado "Suingue", que significa energia.
No ítem livros, o "Mosaical" é uma seleção de poemas e letras de músicas já gravadas e publicadas. Outro "Olho no Tempo", uma ficção cinematográfica, "Campo da América" que é uma referência ao Campo do América, homenagem ao poeta beatnicks, "Sonoro" é um livro de poemas e reflexões poéticas, "Estrada do Pensamento" é uma prosa filosófica, "Conversa de Mosquitos" são elocubrações sobre a vida, "... Waly adorava o nome desse livro, então dediquei-o à memória dele ...", disse Jorge.
Já trabalhei como ator de cinema em "Malu de Bicicleta", "Perigo Negro", "Casa 9".
8- Qual a fonte de inspiração para a sua arte?
J.S. - Antenado com o foco, busco concentração e realizo dentro do que eu quero, para desenvolver os meus trabalhos, como as capas de disco, poemas, textos, etc. E filosofando " ... estrangulo as minhas vontades, vontade absoluta de possibilidades, vontade de tesão pelo fazer e realizar ..."
Gosto de trabalhar, diariamente exercito tudo, leituras diversas, mantenho o espírito aberto e libertário, pensamento ideológico e utópico. Estou aceso e antenado. A vida é pulsante. Prestigio os eventos da vida cultural brasileira.
E para encerrar ..."é preciso ficar antenado no sentido de possibilitar caminhar nos meus sonhos ...".
O breve encontro com Jorge foi marcado por um (re)encontro com suas memórias e um convite ao leitor para sair de si mesmo e entrar nesse mosaico de ideias interessantes e coloridas.
Foto: Leyla Alban / Salvador |
Muito massa a entrevista Leylinha. Simples e direta. O bom é nos encontrarmos com a rica criação artística de nosso país, em figuras autênticas como Jorge. Que o vigor da Vida permaneça pulsante no coração dos homens e mulheres! Gratidão. Sevé Joseh Jr..
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